quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009
sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
PATA DE ELEFANTE
PATA DE ELEFANTE
"Influenciado por trilhas sonoras clássicas e pelo rock setentista, o segundo disco do trio gaúcho prima pela eficiência. O resultado são faixas acessíveis e ao mesmo tempo intrincadas, mas que não pecam pelo excesso ou pela auto-referência. Ainda que instrumental, é rock, direto e de fácil digestão, sem ser exageradamente virtuoso e sem apelar para solos longos demais."
Revista Rolling Stones, janeiro/2009
A primeira impressão do disco é uma influencia constante mas não explicita do mais puro rock n roll dos anos 60 e 70, oque não quer dizer que a banda se preocupe simplesmente em manter aquela estetica e sonoridade sem aplicar elementos proprios.
Os caras são muito criativos, e alem da influencia do rock setentista eles bebem tambem no lance das trilhas sonoras classicas... uma mistura bem feita entre boas influencias e criatividade! Outra coisa legal, é que a banda não se encaixa neste modelo PRAFRENTEX de super ITELECTUALIZAÇÃO da musica... é simplesmente um som honesto que com certesa os caras piram em tocar! vale a pena d+ escutar!
"Influenciado por trilhas sonoras clássicas e pelo rock setentista, o segundo disco do trio gaúcho prima pela eficiência. O resultado são faixas acessíveis e ao mesmo tempo intrincadas, mas que não pecam pelo excesso ou pela auto-referência. Ainda que instrumental, é rock, direto e de fácil digestão, sem ser exageradamente virtuoso e sem apelar para solos longos demais."
Revista Rolling Stones, janeiro/2009
A primeira impressão do disco é uma influencia constante mas não explicita do mais puro rock n roll dos anos 60 e 70, oque não quer dizer que a banda se preocupe simplesmente em manter aquela estetica e sonoridade sem aplicar elementos proprios.
Os caras são muito criativos, e alem da influencia do rock setentista eles bebem tambem no lance das trilhas sonoras classicas... uma mistura bem feita entre boas influencias e criatividade! Outra coisa legal, é que a banda não se encaixa neste modelo PRAFRENTEX de super ITELECTUALIZAÇÃO da musica... é simplesmente um som honesto que com certesa os caras piram em tocar! vale a pena d+ escutar!
quinta-feira, 29 de janeiro de 2009
quinta-feira, 15 de janeiro de 2009
PQP
Era só o que faltava...
Compramos o ingresso do radiohead! Bom, banda bacana, show sempre muito bom, sem contar que vamos passar alguns dias no rio de janeiro... Perfeito!
Alguns dias depois de efetuarmos a compra, Pitika me liga, cara o KRAFTWERK vai abrir o show! PQP!!!! FINO DEMAIS!!!! compramos o ingresso pro radiohead e ganhamos de tabela o kraftwerk!!!!! Pois é... alegria dura pouco, ontem li que a MERDA do LOSER MANOS vai abrir o show do radiohead, e pra piorar, a tão ruim ou pior, VANGUART tb vai entrar na jogada...
O pior de tudo é que essa galerinha prafentex é tudo igual mesmo... estão adorando...
O Pseudo Intelectualoide, e Pedofilo, Marcelo Camelo agora é o novo john lennon da musica brasileira, roubando o posto do nosso "não menos talentoso" Renatinho Russo!
Só falta a mallu magalhães participar de uma jam! Se isso rolar eu dou 2 pacotes de traquinas e uma pipoca aritana pra quem acertar uma lata de cerveja na cabeça dela!
Vamos todos levar confeti e Pedir ANA JULIA... a MELHOR coisa que eles ja fizeram
segunda-feira, 5 de janeiro de 2009
2009
Como todo final de ano eu faço, fico planejando e JURANDO que vou fazer milhares de coisas.98,33 % não saem do papel... Este ano por exemplo minha lista esta bem grande! algumas delas: Manter esse blog ativo, terminar meu documentario sobre a Reforma Psiquiátrica, Criar um Portfólio Descente,Arrumar dinheiro pra comprar uma bateria eletrônica pro ap,Montar uma aparelhagem de som sinistra! Comprar de 4 a 5 lps por mês... (AAAAAAAAAAAAH meu black oak arkansas tá chegando hehehehehe) e por ai vai! O ano já começou e estou com ingressos pro RADIOHEAD,KRAFTWERK e IRON MAIDEN... Mas o melhor ainda não começou nem a vender... dia 15de abril , aqui em bh, na porcaria do CHEVROLET HALL, vai rolar MOTORHEAD!!!!! pqp, a ultima vez que eles vieram aqui eu devia ter uns 10 anos de idade kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk!!!!
Passei a noite de ontem fazendo alguns tops sobre os melhores discos do ano passado,bandas que mais escutei,piores discos. e fiquei bem triste com o que acabou saindo... a maioria dos discos são de bandas MUDERNAS... sim, teve discos bons de bandas boas... teve discos bons de bandas clássicas...
ACDC!Nektar,Testament,Uriah Heep,David Byrne & Brian Eno,Glenn Hughes e por ai vai...
Mas vamos deixar minha revolta com o som PRAFRENTEX pra outros tópicos!
Primeira! MELHORES DE 2008
00-ACDC- BLACK ICE
1The Black Keys: "Attack & Release
2Nick Cave & Bad Seeds - Dig!!! Lazarus!!! Dig!!!
3TV on the Radio-
dear science
4Motorhead-motorizer
5Chrome Division-Booze,Broads and Beelzeebub
6
7BLOODBATH - “Unblessing The Purity” / “The Fathomless Mastery”
8Portishead-Third
9Fleet Foxes: "Fleet Foxes
10The racounteurs-Consolers of the Lonely
11Nine Inch Nails-Ghosts I-IV
12Arctic Monkeys – Favourite Worst Nightmare
13Black Rebel Motorcycle Club – Baby 81
14Nine Inch Nails-The Slip
*****15 FLAMING MOE-SOUL HUNTER ( PORRA, DE CARA COM ESSE DISCO!)
Piores discos/bandas do ano
01-Vampire Wikend
02-Of Montreal - Skeletal Lamping
03-MGMT - Oracular Spectacular
04-Oasis - Dig Out Your Sou
05 METALLICA- Death Magnetic
Os melhores Filmes
BATMAN, o cavaleiro das trevas
SANGUE NEGRO
CLOVERFIELD
ONDE OS FRACOS NÃO TEM VEZ
MORTE NO FUNERAL
SWEENEY TODD: O barbeiro demoniaco da rua fleet
NÃO ESTOU LÁ
IRON MAN
não vi QUEIME DEPOIS DE LER, mas sei que vai entrar no meu top!
Bandas Que mais escutei em 2008
Lynyrd Skynyrd
Budgie
King Crimson
Napalm Death
Benediction
Atomic Bitchwax
Fu Manchu
Thin Lizzy
David Bowie
Stoogies
Pink Floyd
FELIZ 2009 PRA TODO MUNDO
quarta-feira, 23 de abril de 2008
Soft Silly Music Is Meaningful Magical
Por diversos motivos, hoje eu decidi não fazer nada da minha monografia para escrever sobre música...
Aliás, hoje eu vou escrever sobre uma música em particular: "Oh Comely", a oitava faixa do "In Aeroplane Over The Sea", discaço do Neutral Milk Hotel. Na minha modesta opinião, o melhor disco dos anos 90.
A minha primeira incursão pelo som do NMH foi causada por uma cisma que eu tinha com o disco: ele era um dos 4 discos do Top 50 de Todos os Tempos do Rate Your Music que eu nunca tinha ouvido falar. Do Top 50, 28 discos estão na coleção lá de casa, e outros 18 eu já havia escutado ou pelo menos lido alguma coisa à respeito.
Dos 4 que eu nunca tinha escutado, dei uma pesquisada. 'Ilmatic', do Nas, liricista e um dos percussores do Hip Hop, não me interessei. 'Liquid Swords', disco de um dos membros do Wu-Tang Clan, também não quis saber mais. E a trilha sonora de 'Vertigo', filme de Alfred Hitchcock, composta por Bernard Herrmann, também não me chamou a atenção.
O que tinha sobrado era o disco de nome estranho, de uma banda com o nome mais estranho ainda e com uma capa que conseguia ser mais estranha que os dois juntos! Pesquisei alguma coisa sobre o disco e descobri que era sobre a vida da Anne Frank
(quem não conhece a história, o google ajuda!).
Fiz estas pesquisas e depois nunca mais me lembrei de olhar alguma coisa sobre a banda ou o disco. Até que meu irmão me apresentou o Beirut (outra belíssima banda) e descobri que alguns de seus membros vinham do Neutral Milk Hotel, daí a curiosidade não me deixou mais em paz.
Baixei o disco e estava curtindo prá caramba! Até que de repente, lá pelos 20 e poucos minutos de sons, aparece essa faixa. E essa foi daquelas que, como eu e meu irmão falamos, "te pega na esquina", de surpresa, e sua espinha congela e você lembra que é bom demais estar aqui prá escutar isso.
Depois de juntar os cacos, fui fazer a tradicional pesquisa sobre a história da música, um épico dramático de pouco mais de 8 minutos. Queria saber porque ela era a única desse tamanho no meio de tantas outras de 2, 3 minutos. Porque ela era tão mais intensa do que todas as outras juntas.
Fui descobrir que ela era um take para testar a microfonação do estúdio. Jeff Magnum, o líder e compositor do NMH entrou na sala de gravação e começou a tocar a música sozinho. E, por algum motivo desconhecido, ou por algum alucinógeno consumido ou por alguma força divina, o sujeito continuou e continuou e continuou a despejar, ao melhor estilo dylaniano, as palavras surreais e as dedilhadas no violão que compõem o quadro sonoro final. E, apesar dos simples acordes, a música vai te envolvendo.
Sabe quando algo te puxa e você vai se desligando de tudo? Pode ser algum acontecimento, alguma imagem, alguma pessoa, algum livro ou filme, qualquer coisa. Algumas músicas. Esta é assim e entrei de cabeça na alucinação lírica que ela é.
Em quantas canções de música pop já se viu aliterações do tipo:
"All of your friends are all letting you blow
Bristling and ugly
Bursting with fruits falling out from the holes
Of some pretty bright and bubbly friend"
Reparem no uso do B e do F.
Até cenas grotescas ganham um lirismo emblemático:
"Your father made fetuses
With flesh licking ladies
While you and your mother
Were asleep in the trailer park"
Alucinantes sobreposições de imagens:
"Thunderous sparks from the dark of the stadiums
The music and medicine you needed for comforting
So make all your fat fleshy fingers to moving
And pluck all your silly strings
And bend all your notes for me
Soft silly music is meaningful magical
The movements were beautiful
All in your ovaries
All of them milking with green fleshy flowers
While powerful pistons were sugary sweet machines
Smelling of semen all under the garden
Was all you were needing when you still believed in me"
Na minha opinião, a idéia central da música é falar de uma paixão perdida do narrador, que é o próprio Jeff, que por sua vez, faz a personificação desta pessoa na figura da Anne Frank. No final da música parece ficar claro isto, quando ele fala do final trágico da adolescente:
"And I know they buried her body with others
Her sister and mother and 500 families
And will she remember me 50 years later
I wished I could save her in some sort of time machine
Know all your enemies
We know who our enemies are"
Ele usa a alegoria da impossibilidade de rever alguém que morreu há 50 anos, para falar de algo mais pessoal, de um amor que ele teve, porém nunca mais vai poder voltar atrás. No final, ele finalmente percebe que ele era quem estava fazendo mal à ela, ele era o inimigo dela.
Aliás, hoje eu vou escrever sobre uma música em particular: "Oh Comely", a oitava faixa do "In Aeroplane Over The Sea", discaço do Neutral Milk Hotel. Na minha modesta opinião, o melhor disco dos anos 90.
A minha primeira incursão pelo som do NMH foi causada por uma cisma que eu tinha com o disco: ele era um dos 4 discos do Top 50 de Todos os Tempos do Rate Your Music que eu nunca tinha ouvido falar. Do Top 50, 28 discos estão na coleção lá de casa, e outros 18 eu já havia escutado ou pelo menos lido alguma coisa à respeito.
Dos 4 que eu nunca tinha escutado, dei uma pesquisada. 'Ilmatic', do Nas, liricista e um dos percussores do Hip Hop, não me interessei. 'Liquid Swords', disco de um dos membros do Wu-Tang Clan, também não quis saber mais. E a trilha sonora de 'Vertigo', filme de Alfred Hitchcock, composta por Bernard Herrmann, também não me chamou a atenção.
O que tinha sobrado era o disco de nome estranho, de uma banda com o nome mais estranho ainda e com uma capa que conseguia ser mais estranha que os dois juntos! Pesquisei alguma coisa sobre o disco e descobri que era sobre a vida da Anne Frank
(quem não conhece a história, o google ajuda!).
Fiz estas pesquisas e depois nunca mais me lembrei de olhar alguma coisa sobre a banda ou o disco. Até que meu irmão me apresentou o Beirut (outra belíssima banda) e descobri que alguns de seus membros vinham do Neutral Milk Hotel, daí a curiosidade não me deixou mais em paz.
Baixei o disco e estava curtindo prá caramba! Até que de repente, lá pelos 20 e poucos minutos de sons, aparece essa faixa. E essa foi daquelas que, como eu e meu irmão falamos, "te pega na esquina", de surpresa, e sua espinha congela e você lembra que é bom demais estar aqui prá escutar isso.
Depois de juntar os cacos, fui fazer a tradicional pesquisa sobre a história da música, um épico dramático de pouco mais de 8 minutos. Queria saber porque ela era a única desse tamanho no meio de tantas outras de 2, 3 minutos. Porque ela era tão mais intensa do que todas as outras juntas.
Fui descobrir que ela era um take para testar a microfonação do estúdio. Jeff Magnum, o líder e compositor do NMH entrou na sala de gravação e começou a tocar a música sozinho. E, por algum motivo desconhecido, ou por algum alucinógeno consumido ou por alguma força divina, o sujeito continuou e continuou e continuou a despejar, ao melhor estilo dylaniano, as palavras surreais e as dedilhadas no violão que compõem o quadro sonoro final. E, apesar dos simples acordes, a música vai te envolvendo.
Sabe quando algo te puxa e você vai se desligando de tudo? Pode ser algum acontecimento, alguma imagem, alguma pessoa, algum livro ou filme, qualquer coisa. Algumas músicas. Esta é assim e entrei de cabeça na alucinação lírica que ela é.
Em quantas canções de música pop já se viu aliterações do tipo:
"All of your friends are all letting you blow
Bristling and ugly
Bursting with fruits falling out from the holes
Of some pretty bright and bubbly friend"
Reparem no uso do B e do F.
Até cenas grotescas ganham um lirismo emblemático:
"Your father made fetuses
With flesh licking ladies
While you and your mother
Were asleep in the trailer park"
Alucinantes sobreposições de imagens:
"Thunderous sparks from the dark of the stadiums
The music and medicine you needed for comforting
So make all your fat fleshy fingers to moving
And pluck all your silly strings
And bend all your notes for me
Soft silly music is meaningful magical
The movements were beautiful
All in your ovaries
All of them milking with green fleshy flowers
While powerful pistons were sugary sweet machines
Smelling of semen all under the garden
Was all you were needing when you still believed in me"
Na minha opinião, a idéia central da música é falar de uma paixão perdida do narrador, que é o próprio Jeff, que por sua vez, faz a personificação desta pessoa na figura da Anne Frank. No final da música parece ficar claro isto, quando ele fala do final trágico da adolescente:
"And I know they buried her body with others
Her sister and mother and 500 families
And will she remember me 50 years later
I wished I could save her in some sort of time machine
Know all your enemies
We know who our enemies are"
Ele usa a alegoria da impossibilidade de rever alguém que morreu há 50 anos, para falar de algo mais pessoal, de um amor que ele teve, porém nunca mais vai poder voltar atrás. No final, ele finalmente percebe que ele era quem estava fazendo mal à ela, ele era o inimigo dela.
Voltando à performance: segundo relatos do engenheiro de som, quando Jeff terminou, todos os outros membros da banda e quem mais estava no estúdio olhava sem acreditar no que estavam vendo. No final dos oito minutos, todos aplaudiram de pé a performance do cara. Na versão final, apenas algumas cornetas foram adicionadas à este take. Ninguém com bom senso iria querer regravar aquilo novamente.
Realmente, os movimentos eram belos.
por I'm Not (T)Here
p.s. : no final dela ainda dá para você escutar, mesmo que muito baixo, alguém gritando 'Holly Shit!!', provavelmente não acreditando no que acabara de presenciar.
Download do disco
p.s. : no final dela ainda dá para você escutar, mesmo que muito baixo, alguém gritando 'Holly Shit!!', provavelmente não acreditando no que acabara de presenciar.
Download do disco
quarta-feira, 12 de dezembro de 2007
“I love the way Eno can paint a picture with music”
Nessas últimas semanas do ano eu tenho visto algumas instalações nas praças de BH que me fizeram lembrar do Another Green World, disco lançado pelo multinstrumentista, produtor, criador das estratégias oblíquas, etc, etc, etc Brian Eno.
Parêntesis explicativo para quem até hoje achava que Eno era só um Sal de Fruta:
(Vale a pena correr atrás da obra do cara... pode ter certeza que muito do que vocês escutaram tem o dedo do cara no meio. Alguns exemplos? Os 2 primeiros Roxy Music, nos quais ele era membro da banda, a famosa Trilogia de Berlin do Bowie (Low, "Heroes" e Lodger), na qual ele compôs e tocou (aliás, ele praticamente mudou o som do Bowie), produzindo os primeiros discos do Talking Heads, os primeiros solos do Peter Gabriel, os discos mais importantes do U2 (Joshua Tree, Atchung Baby, etc), os últimos discos do Coldplay e mais um monte de outras bandas. Até o som que você escuta ao ligar seu computador (se estiver usando o Windows e estiver com o som padrão) foi o cara quem compôs... isso mesmo, o tal do Microsoft Sound foi ele quem compôs.)
Voltando aos querubins:
As tais instalações são uns anjos preenchidos em formas geométricas com cores vivas e na hora que eu bati o olho no primeiro deles a primeira coisa que me veio na cabeça foi... tá bom, a segunda coisa que me veio a cabeça (a primeira foi pensar: "que raios esse anjo psicodélico de 10 metros tá fazendo no meio da praça?") foi a capa do AGW, um detalhe da obra "After Raphael" do artista Tom Phillips, especialista em colagens e que já havia contribuído em algum filme do Peter Greenaway, além de ter sido professor do Eno na época em que este estudava na Ipswich School of Art.
Me lembro da primeira vez que eu escutei esse disco, uma das obras mais idiossincráticas de Mr. Eno. Estava estranhando demais o som da bolacha. Acostumado apenas com seu art-rock glam do Roxy Music e com suas duas primeiras excelentes investidas (Here Comes the Warm Jets e Taking Tiger Mountain) estava meio que sem entender o que tinham sido as duas primeiras faixas. Até que na terceira, chamada St. Elmo's Fire, me aparece aquela que eu considero uma das mais distintas guitarras do rock. Nem precisei olhar na contracapa do vinil o nome do responsável pela maravilha. Já virei pro meu pai e falei: "se isso não for o Fripp tocando, é alguém o imitando bem prá caramba!". Um solo melódico e maravilhoso que me fez querer viajar nos sons mais difíceis escondidos em cada uma das várias arestas desse disco.
Aos poucos, saquei que os dois primeiros do Eno foram mais ou menos como uma transição do som no formato pop/rock da era-Roxy para algo musicalmente mais complexo e discreto. Exemplo disto é que o disco contém 14 faixas, sendo apenas 5 com vocais, o que o torna bem menos acessível para uma grande quantidade de ouvintes. Na verdade com o AGW, na minha opinião, o lance do Eno foi tentar desconstruir a música pop e reconstruí-la novamente, de uma forma mais discreta, criativa e inusitada. Utilizando uma enorme gama de instrumentos e sonoridades, são criadas texturas até então nunca antes vistas na música pop.
Uma das principais sacadas do Eno no disco foi tentar subverter a idéia de existir um narrador, uma voz nas músicas. Ele já começa a primeira faixa, Sky Saw, fazendo uma alusão à esta idéia:
"All the clouds turn to words
All the words float in sequence
No one knows what they mean
Everyone just ignores them"
E logo na seqüência, emplaca a impagável seqüência non-sense:
"Mau Mau starter ching ching da da
Daughter daughter dumpling data
Pack and pick the ping-pong starter
Carter Carter go get Carter
Perigeeee
Open stick and delphic doldrums
Open click and quantum data"
O que nos primeiros discos, já dava um sinal do caminho que seria tomado por Eno, aqui fica claro. As letras simplesmente não fazem sentido algum. E isto tinha um motivo. O cara estava viajando mais no lance da fonética do que no da semântica, ou seja, se soava bem, está ok! Eram as palavras sendo incorporadas como notas de um novo inusitado instrumento.
Não vou ficar aqui destrinchando faixa por faixa, senão esse texto ficaria 13 vezes mais longo do que já está de tanta coisa que eu poderia falar só dos 1:28 segundos da faixa título.
O produto final é um rebento eletro-minimalista, de um artista que está se despregando dos conceitos vigentes da música pop e incorporando elementos dos experimentalismos de caras como John Cage, Karlheinz Stockhausen e Hugo Ball. Ou seja, o disco está no ponto de equilíbrio entre o pop e o experimental.
Se vocês curtem tanto rock and roll, quanto eletrônico (o cara é considerado um dos pais do gênero hein... talvez sem a contribuição dele, trances e raves poderiam ser bem diferentes...) tentem arrumar esse disco prá escutar: comprem, baixem, peguem emprestado ou roubem (que não seja o que tem lá em casa, blz?)!
Com certeza o Another Green World não é um disco que é facilmente digerido.Dificilmente vai lhe satisfazer na primeira audição. Mas quem disse que as melhores coisas são as que são fáceis de gostar e de entender? Tal qual um enorme quebra-cabeça, o disco exige paciência e concentração do ouvinte. Para que este consiga finalmente entrar em um delicioso caleidoscópio sonoro, onde um gênio nos convida para uma viagem introspectiva e sutil, na qual consegue, utilizando-se apenas de sons, pintar uma obra de arte.
por I’m Not (T)here
algumas curiosidades sobre o AGW:
- dá uma olhada em alguns dos caboclos que aparecem no disco:
John Cale (Velvet Underground)
Robert Fripp (King Crimson)
Phil Collins (Genesis)
- lista de instrumentos tocados no disco:
synthesizer, bass guitar, guitar, percussion, drum machine, various pianos, keyboards, hammond organ, farfisa organ, vocals(aqui são instrumentos sim!), yamaha bass pedals, tapes, viola, drums, fretless bass, fender rhodes piano, bass, snare drum
ainda tem a tal da Wimshurst guitar, aquela do Fripp a qual eu me referi lá em cima... o nome dela vem do Wimshurst Generator, um aparelho que gera uma corrente elétrica de alta voltagem entre eletrodos e emite um som imprevisível. Segundo o Eno era como o som dessa guitarra soava.
- o site especializado em indie rock Pitchfork Media colocou o disco no 10º lugar do seu Top 100 Discos dos anos 70. O disco também está na lista dos 500 melhores discos de todos os tempos da revista Rolling Stone, na posição 433.
Parêntesis explicativo para quem até hoje achava que Eno era só um Sal de Fruta:
(Vale a pena correr atrás da obra do cara... pode ter certeza que muito do que vocês escutaram tem o dedo do cara no meio. Alguns exemplos? Os 2 primeiros Roxy Music, nos quais ele era membro da banda, a famosa Trilogia de Berlin do Bowie (Low, "Heroes" e Lodger), na qual ele compôs e tocou (aliás, ele praticamente mudou o som do Bowie), produzindo os primeiros discos do Talking Heads, os primeiros solos do Peter Gabriel, os discos mais importantes do U2 (Joshua Tree, Atchung Baby, etc), os últimos discos do Coldplay e mais um monte de outras bandas. Até o som que você escuta ao ligar seu computador (se estiver usando o Windows e estiver com o som padrão) foi o cara quem compôs... isso mesmo, o tal do Microsoft Sound foi ele quem compôs.)
Voltando aos querubins:
As tais instalações são uns anjos preenchidos em formas geométricas com cores vivas e na hora que eu bati o olho no primeiro deles a primeira coisa que me veio na cabeça foi... tá bom, a segunda coisa que me veio a cabeça (a primeira foi pensar: "que raios esse anjo psicodélico de 10 metros tá fazendo no meio da praça?") foi a capa do AGW, um detalhe da obra "After Raphael" do artista Tom Phillips, especialista em colagens e que já havia contribuído em algum filme do Peter Greenaway, além de ter sido professor do Eno na época em que este estudava na Ipswich School of Art.
Me lembro da primeira vez que eu escutei esse disco, uma das obras mais idiossincráticas de Mr. Eno. Estava estranhando demais o som da bolacha. Acostumado apenas com seu art-rock glam do Roxy Music e com suas duas primeiras excelentes investidas (Here Comes the Warm Jets e Taking Tiger Mountain) estava meio que sem entender o que tinham sido as duas primeiras faixas. Até que na terceira, chamada St. Elmo's Fire, me aparece aquela que eu considero uma das mais distintas guitarras do rock. Nem precisei olhar na contracapa do vinil o nome do responsável pela maravilha. Já virei pro meu pai e falei: "se isso não for o Fripp tocando, é alguém o imitando bem prá caramba!". Um solo melódico e maravilhoso que me fez querer viajar nos sons mais difíceis escondidos em cada uma das várias arestas desse disco.
Aos poucos, saquei que os dois primeiros do Eno foram mais ou menos como uma transição do som no formato pop/rock da era-Roxy para algo musicalmente mais complexo e discreto. Exemplo disto é que o disco contém 14 faixas, sendo apenas 5 com vocais, o que o torna bem menos acessível para uma grande quantidade de ouvintes. Na verdade com o AGW, na minha opinião, o lance do Eno foi tentar desconstruir a música pop e reconstruí-la novamente, de uma forma mais discreta, criativa e inusitada. Utilizando uma enorme gama de instrumentos e sonoridades, são criadas texturas até então nunca antes vistas na música pop.
Uma das principais sacadas do Eno no disco foi tentar subverter a idéia de existir um narrador, uma voz nas músicas. Ele já começa a primeira faixa, Sky Saw, fazendo uma alusão à esta idéia:
"All the clouds turn to words
All the words float in sequence
No one knows what they mean
Everyone just ignores them"
E logo na seqüência, emplaca a impagável seqüência non-sense:
"Mau Mau starter ching ching da da
Daughter daughter dumpling data
Pack and pick the ping-pong starter
Carter Carter go get Carter
Perigeeee
Open stick and delphic doldrums
Open click and quantum data"
O que nos primeiros discos, já dava um sinal do caminho que seria tomado por Eno, aqui fica claro. As letras simplesmente não fazem sentido algum. E isto tinha um motivo. O cara estava viajando mais no lance da fonética do que no da semântica, ou seja, se soava bem, está ok! Eram as palavras sendo incorporadas como notas de um novo inusitado instrumento.
Não vou ficar aqui destrinchando faixa por faixa, senão esse texto ficaria 13 vezes mais longo do que já está de tanta coisa que eu poderia falar só dos 1:28 segundos da faixa título.
O produto final é um rebento eletro-minimalista, de um artista que está se despregando dos conceitos vigentes da música pop e incorporando elementos dos experimentalismos de caras como John Cage, Karlheinz Stockhausen e Hugo Ball. Ou seja, o disco está no ponto de equilíbrio entre o pop e o experimental.
Se vocês curtem tanto rock and roll, quanto eletrônico (o cara é considerado um dos pais do gênero hein... talvez sem a contribuição dele, trances e raves poderiam ser bem diferentes...) tentem arrumar esse disco prá escutar: comprem, baixem, peguem emprestado ou roubem (que não seja o que tem lá em casa, blz?)!
Com certeza o Another Green World não é um disco que é facilmente digerido.Dificilmente vai lhe satisfazer na primeira audição. Mas quem disse que as melhores coisas são as que são fáceis de gostar e de entender? Tal qual um enorme quebra-cabeça, o disco exige paciência e concentração do ouvinte. Para que este consiga finalmente entrar em um delicioso caleidoscópio sonoro, onde um gênio nos convida para uma viagem introspectiva e sutil, na qual consegue, utilizando-se apenas de sons, pintar uma obra de arte.
por I’m Not (T)here
algumas curiosidades sobre o AGW:
- dá uma olhada em alguns dos caboclos que aparecem no disco:
John Cale (Velvet Underground)
Robert Fripp (King Crimson)
Phil Collins (Genesis)
- lista de instrumentos tocados no disco:
synthesizer, bass guitar, guitar, percussion, drum machine, various pianos, keyboards, hammond organ, farfisa organ, vocals(aqui são instrumentos sim!), yamaha bass pedals, tapes, viola, drums, fretless bass, fender rhodes piano, bass, snare drum
ainda tem a tal da Wimshurst guitar, aquela do Fripp a qual eu me referi lá em cima... o nome dela vem do Wimshurst Generator, um aparelho que gera uma corrente elétrica de alta voltagem entre eletrodos e emite um som imprevisível. Segundo o Eno era como o som dessa guitarra soava.
- o site especializado em indie rock Pitchfork Media colocou o disco no 10º lugar do seu Top 100 Discos dos anos 70. O disco também está na lista dos 500 melhores discos de todos os tempos da revista Rolling Stone, na posição 433.
- eu li um fã do Eno falando isso no site dele... é meio viagem mas até que achei bacana... ele fala que você pega aquela parte que protege o vinil, tira o vinil de dentro, e coloca a parada em cima da parte de trás da capa (a segunda imagem que eu coloquei lá em cima... uma foto com filtro verde do Eno lendo um livro (qual seria hein?), o Eno tá no canto e a maior parte da foto é uma parede). Essa parte que protege o vinil é preta e a única coisa da back cover que aparece é a parede verde, aí rola a viagem desse tal "Outro Mundo Verde"!
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